Feira de artes e negócios é ponto de partida para dinamizar economia do Pontal

Grupo disposto a tocar o projeto
Ascom

A baiana de acarajé, Judith Maria dos Santos, vende seus quitutes há 37 anos, em Ilhéus, no sul da Bahia. Em metade deste tempo, ela tem trabalhado no bairro do Pontal, no litoral sul da cidade, e acha que chegou o momento de valorizar ainda mais o potencial econômico da localidade. “É hora de a gente arregaçar as mangas e construir um novo momento para as pessoas que moram ou têm negócio aqui”, garante. Outra moradora do bairro, a funcionária pública Sueli Moreira, conhecida como Suka Moreira, é artista plástica nas horas vagas há 20 anos. Suas obras são vendidas até para o exterior. “Só não consigo ter o mesmo reconhecimento do público local, porque não há um espaço na minha própria comunidade para mostrar o meu talento”, lamenta.

Com expectativa de mudança dessa realidade, as moradoras acompanharam a apresentação do pré-projeto da Feira Criativa do Pontal, elaborado pelo Sebrae, à pedido da comunidade que se organiza para transformar o Pontal no terceiro Bairro Criativo da Bahia, o primeiro do gênero no interior. A exposição foi feita pela coordenadora da Unidade Regional do Sebrae em Ilhéus, Claudiana Figueiredo, na noite de terça-feira, 12, no auditório do Colégio da Polícia Militar e contou com a presença de moradores, secretários municipais e técnicos do Sebrae.

Como resultado mais imediato do encontro, ficou definido que, a partir desta quarta-feira, 13, até 20 de novembro, os organizadores realizarão um cadastramento das pessoas interessadas em feira de artes e negócios. Artistas, intelectuais, músicos, artesãos, devem procurar a sede regional do Sebrae, na praça José Marcelino, avenida Dois de Julho, no Centro Histórico de Ilhéus. De acordo com Henrique Abobreira, ativista social e morador do bairro, após esse cadastramento serão definidas as etapas necessárias à implementação do projeto. Uma das ideias é criar a Cooperativa de Economia Criativa, para abrigar todas as iniciativas relacionadas ao bairro.

“A feira chega como elemento agregador a um projeto muito mais amplo, cujo principal objetivo é transformar o Pontal em um Bairro Criativo, como já acontece, em Salvador, no Candeal e no Rio Vermelho”, explica José Henrique Abobreira. A ideia partiu de um movimento construído pela própria comunidade, que pretende resgatar as tradições do Pontal, reunindo em um só ambiente, arte, literatura, lazer e gastronomia. O movimento ganhou força a partir da consolidação de uma parceria público privada entre o governo municipal e uma construtora, para a recuperação total e modernização da Praça São João Batista, local proposto para o encontro dos talentos do bairro.

Ao apresentar os elementos do projeto, a coordenadora da Unidade do Sebrae em Ilhéus, Claudiana Figueiredo, ressaltou que eles precisam ser construídos pela própria comunidade para viabilizar a feira. Para ela, é de fundamental importância ficar claro, desde agora, “o que é o projeto e de quem é o projeto”. Ser criativo, na percepção de Claudiana, é ter a capacidade de solucionar problemas, utilizar insumos para transformar lugares e pessoas. Por isso, explica ela, é fundamental que o evento proposto dê possibilidade de gerar trabalho e renda e dê, também, acesso a espaços públicos para troca, conexões, experiências e convivências.

Com cerca de 30 mil moradores, o Pontal é um dos mais valorizados bairros de Ilhéus. Tem uma economia forte, abriga o Aeroporto Jorge Amado, é um dos points gastronômicos mais movimentados da cidade e caminho para praias paradisíacas do litoral sul. No bairro, encontram-se ainda uma série de novos empreendimentos previstos para Ilhéus nos próximos anos. “Precisamos aproveitar melhor estas oportunidades”, explica Abobreira. Antes mesmo da conclusão da reforma da praça, a feira vai criar o ambiente necessário para a sua consolidação no calendário turístico e de negócio da cidade.